Janaina Braga

Tudo começou em fevereiro de 2012, numa quarta-feira de cinzas, eu havia voltado da praia onde passei o carnaval, tive diarreia, fui ao pronto-socorro, diagnosticaram com uma virose, nada do que eu já previa, ela durou 1 semana e passou.

No mês seguinte, diarreia de novo, pronto-socorro de novo e virose de novo. Mês seguinte, a mesma coisa, porém as dores abdominais foram se intensificando, e junto com a diarreia, vieram os vômitos, já não consegui comer e beber quase nada. E foi assim durante 6 meses.

Neste período, comecei a sentir também dificuldade de andar, dores fortíssima nas articulações, entrei em desespero, porque a minha mãe há 30 anos tem artrite-reumatoide e achei que estava com a mesma doença da minha mãe.

Os inchaços apareceram nos pés e nas mãos, inclusive na mandíbula. Procurei um buco-maxilo para ver o que estava acontecendo, fiz mil exames e nada, ele me encaminhou para um especialista em cabeça e pescoço, mais mil exames e absolutamente nada.

E tudo isso trabalhando, ou melhor tentando trabalhar, tendo que sair correndo de reuniões para procurar por um banheiro, fazendo cara de que nada estava acontecendo e o meu intestino retorcendo dentro de mim, sem contar os apuros no trânsito, já que o meu percurso para o trabalho era em torno de 2 horas.

Em agosto de 2012, tive uma crise muito forte, não conseguia levantar da cama, estava muito fraca, gemia o tempo todo de dor e não queria ir no pronto-socorro novamente, porque de novo irão dizer que era virose.

Decidi procurar alguém que me desse um norte, que investigasse essas diarreias e dores abdominais, marquei consulta no gastro no período da crise, já estava pesando quase 40 kilos, cabelo caindo, pele de cobra, parecendo um monstro e com o rosto inchado.

Foi aí que ele mandou eu fazer uma colonoscopia, que não foi nada fácil me preparar por esse exame, já não tinha nada dentro de mim e ainda tinha que comer menos ainda. Resultado do exame= Doença Inflatória Intestinal.

Com o exame em mãos, o Gastro me encaminhou para um Proctologista, que diagnosticou Retocolite, receitou mesalazina, imunossupressores e corticoides.

E foi aí que meu inferno começou, porque tive todos os efeitos colaterais do corticoide, diabetes, taquicardia, euforia e etc. Não conseguia me concentrar no trabalho, em casa, no trânsito, nada... Em novembro de 2012, veio a minha primeira internação, muito desidratada, sem força, sem comer, sem beber, sem cabelo. Fiquei 10 dias no hospital com muitas dores e ainda trabalhando, porque a empresa no qual trabalhava na época mandou um motoboy entregar um notebook e uma internet 3G para eu trabalhar, enquanto eu achava que ia morrer.

As crises cessaram e fui para casa, mas muito fraca, mais magra, fui melhorando progressivamente, mas em março de 2013, veio outra internação, agora infecção intestinal, graças a minha imunidade baixa. Estava estudando há alguns meses para um concurso público e perdi a prova porque estava internada.

As crises e dores intestinais já tinham melhorado e agora eram as dores nas costas, por conta do rim. Depois de uma semana que havia saído do hospital, no domingo de páscoa, não estava me sentindo bem, não tinha dores, nem diarreia, mas não estava bem. Na segunda-feira, indo trabalhar, dirigindo na Marginal Tietê, comecei a sentir calafrios, moleza no corpo, fui ao hospital mais próximo. Chegando lá, me isolaram porque estava cheia de feridas no corpo e suspeitaram que era catapora, novamente outra internação, pedi para ser internada mais perto de casa, mais 10 dias no hospital, não tinha crise intestinal para a sensação era que eu ia desmaiar a qualquer momento.

Janaina BragaAté que uma dermatologista foi me examinar e disse que as feridas não eram catapora e sim reflexo da minha doença inflatória intestinal. Sai do hospital e voltei a trabalhar, 3 dias depois fui demitida porque estava gerando muitos gastos com o plano de saúde. Isso acabou comigo, doente, magra, só tinha cabeça e desempregada agora.

Mas continuei em busca de uma solução para o meu tratamento e viver normal dentro do possível. Depois desse episódio, fui encaminhada para o tratamento correto e eficaz, o qual refiz todos os exames e o diagnostico foi Doença de Crohn, iniciei o tratamento correto e 3 meses depois estava trabalhando novamente e 2 meses depois estava grávida.

Minha gravidez foi normal, sem crises e dores intestinais e finalmente consegui levar uma vida confortável. Intensifiquei o tratamento com acompanhamento psicológico, nutricionista, reposição de vacinas e religiosamente compareço as consultas e tomo os remédios.

Claro que quando você descobre que tem uma doença crônica, que não sabe como vem e que não tem cura, assusta muito, mas é possível viver normalmente e com qualidade de vida.

Fui obrigada a aprender a conviver com a doença, saber o que posso comer ou não, me poupar de certos aborrecimentos que podem fazer eu ter novas crises e depois de 4 anos que iniciei o tratamento não sou mais a mesma, mas a minha vida está bem melhor.

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